Manuel Fernandes Bata
Nascido em 1958, Bata, foi pedreiro e agricultor. A sua entrada para o mundo da arte ocorre devido ao facto de a sua machamba ter sido atacada por uma praga de gafanhoto amarelo segundo diz o artista. Nessa altura ela abandona a agricultura e porque tinha amigos que esculpiam artesanato, decide cortar troncos de sândalo para que um dos amigos lhe ensinasse a esculpir. Porém, a família do amigo não permitiu que tal acontecesse, pois informaram-lhe que a casa deles não era uma escola e tão pouco local para guardar troncos. E assim o Bata, sem desistir, foi experimentando-se nessa produção do artesanato, observando como os outros manejavam o formão e outras ferramentas. Em 1980 começa a produzir peças de artesanato e a vender na feira de artesanato da praça 25 de Junho, na baixa da cidade de Maputo. Em 1981 reune jovens a sua volta, cerca de 10, que os ensinava o que ele foi aprendendo. As primeiras peças que explorou eram, correspondiam a uma estética que os artesãos da altura chamavam “macacos” que eram figuras de macacos que tapavam os olhos, a boca, ouvidos e mais tarde acrescentaram o macaco que tapavam os órgãos genitais.
Ao longo dos anos, Bata foi aperfeiçoando a sua técnica e como tinha um familiar que trabalhava no jornal notícias e lhe facultava os jornais, ele apreciava e recortava os artigos que falavam das artes plásticas, e foi também fazendo recortes de artigos sobre arte em revistas que encontrava no lixo. A partir da exploração de um livro sobre instrumentos tradicionais musicais, por volta de 1982, ganha inspiração e produz peças de artesanato que se diferenciavam do que se fazia na altura. Pela originalidade do seu traço e forte personalidade das suas obras, Bata destaca-se e incentivado por apreciadores como Alkis Makropoulos, deixa de expor começa a apresentar-se em galerias de arte.
Em 1983 recebe, o convite para apresentar a sua primeira individual que teve lugar na Galeria Afritique. Bata esculpia em madeira, seguindo a tradição da escultura de Moçambique e dos grandes mestres como Chissano, Naftal Langa, Simões entre outros. Firma-se como escultor usando principalmente o sândalo como a matéria-prima. Em 1991, na primeira edição da Anual do MUSART é laureado com o 1º prémio de escultura, com a peça em madeira intitulada “os mendigos”. Porque a sua obra rompia com a estética da escultura tradicional e ele continuava a reinventar-se incorporando outros matérias à madeira, no ano seguinte, em 1992, Bata vence o 1º prémio na categoria de escultura da 3° edição do concurso promovido pelo Banco do Fomento Exterior com a obra intitulada “Aventura dos meus sonhos”.
Em 1993, com a escultura em metal intitulada “Música” vence a Bienal das TDM. Em 1995, vence o 1º Prémio PETROMOC do Concurso Nacional de Artes Plásticas, e 1º Prémio da Bienal TDM. Já em 2001 recebe o Prémio FUNDAC - Alberto Chissano - prémio consagração em Escultura; em 2013, vence o 2º lugar do Prémio “Escultura, Cerâmica, Instalação e Objeto” do II Concurso de Belas Artes do Banco de Moçambique e em 2014, recebe o 1º Prémio de Escultura na Bienal de Artes das TDM.